Quando pensamos em Vodu, logo nos vem à mente a famosa bonequinha de tecido, cheia de alfinetes, de que muitas pessoas têm medo. Mas você sabia que, na verdade, esta é apenas mais uma das concepções erradas sobre o vodu?
Muito mais abrangente do que apenas prática de magia ou feitiçaria, o Vodu na verdade é uma religião.
Com origem no Oeste da África, o Vodu foi trazido para as Américas por povos escravizados. Em seu desejo de liberdade, eles viam o Vodu não apenas como uma prática religiosa, mas também como uma forma de resistência contra o colonialismo.
Neste artigo, vamos aprender um pouco sobre o que é Vodu, suas origens e práticas e falar sobre alguns dos conceitos errôneos acerca desta bela e significativa religião.
Onde surgiu o Vodu?
O Vodu tem origem no Oeste do continente africano, mas se enraizou em diversas partes do mundo. Hoje em dia, além de ser a principal religião em países africanos como Benin, Nigéria e Gana, o Vodu também é muito forte no Haiti e até mesmo em certas partes dos Estados Unidos.
Com a colonização, o Vodu acabou chegando às Américas através dos povos escravizados, assim como aconteceu com o Candomblé no Brasil. Inclusive, estas duas religiões têm muita coisa em comum.
O que é Vodu e quais as suas crenças principais?
Mas, afinal, o que é Vodu? Já vimos que se trata de uma religião vinda da África, mas em que ela consiste e quais são suas diferentes vertentes pelo mundo?
Ao contrário do que muitos acreditam, o Vodu não está associado a demônios ou práticas malignas, mas sim à conexão com a Natureza. Isso porque, para os praticantes de Vodu, a principal maneira de se conectar com o sagrado é através da Natureza e dos Elementos, como a Água e a Terra.
O nome Vodu não significa nada de negativo. Pelo contrário, significa “espírito” ou “divindade”, referindo-se às entidades cultuadas nesta religião.

O Vodu Africano
O Vodu com origem no Oeste da África é uma religião focada na veneração de espíritos ou entidades, também chamados Vodun. Com rituais com tambores, danças, possessão espiritual e oferendas, os Voduns são honrados para que tragam a harmonia entre o mundo dos humanos e o Divino.
O Vodu Haitiano
Trazido para o Haiti por pessoas escravizadas entre os séculos XVI e XIX, o Vodu Africano se desenvolveu nas Américas. Ele recebeu influências tanto dos elementos indígenas locais, como também do catolicismo.
Nesta forma de Vodu, as entidades são chamadas de Loas. Muito parecidas com os Orixás do Candomblé e os Voduns do Vodu afriacano, os Loas são também entidades intermediárias, que atuam como pontes entre os seres humanos e o Bondye, o Deus Criador.
Os Loas no Vodu Haitiano
Também chamadas de Loas, as entidades do Vodu haitiano são muito parecidas com os Orixás da Umbanda e do Candomblé.
Eles têm características únicas, com personalidades e atributos distintos, associados a aspectos da Natureza, experiências e emoções humanas. Como os Orixás, os Loas são honrados por meio de rituais, canções, danças e oferendas próprias.
O Vodu de Louisiana
O Vodu de Louisiana, também conhecido como Vodu de Nova Orleans, é também uma tradição espiritual com base no Vodu africano. Ele incorpora elementos do Catolicismo, práticas populares espanholas e francesas e influências indígenas. O Vodu de Nova Orleans possui raízes similares à do Vodu haitiano, mas desenvolveu-se de modo distinto, e algumas vezes é chamado de Hoodoo.
O sincretismo como forma de resistência
Como vimos, as tradições Vodu pelo mundo têm características bem parecidas, embora utilizem terminologias diferentes.
Mas existe ainda uma outra característica comum das tradições de Vodu nas Américas: o sincretismo religioso. Tanto o Vodu haitiano quanto o Vodu de New Orleans foram alvo de preconceito na época colonialista.
Já sabemos que muitas práticas religiosas diferentes da fé cristã, foram alvo de preconceito ao longo da história. Isso aconteceu com a Bruxaria, por exemplo, mas também com o Candomblé. Por terem crenças diferentes do Cristianismo, essas fés foram demonizadas e descritas como assustadoras.
O mesmo aconteceu com o Vodu, que também foi alvo de preconceito. Em plena época do colonialismo, o Vodu encontrou no sincretismo uma estratégia de resistência. Isso porque os africanos escravizados eram proibidos de praticar seus ritos, já que suas fés, pagãs, eram consideradas demoníacas.
Além disso, havia um medo generalizado, por parte dos colonizadores, de que a prática de Vodu pudesse ser um canal para que pessoas de origem negra, tanto escravizadas como libertas, se rebelassem contra a França. Como uma maneira de sobreviver e preservar sua religiosidade, os praticantes de Vodu passaram então a associar suas entidades e divindades a santos católicos.
Além de persistirem até hoje no Vodu haitiano e no Vodu de New Orleans, os traços desse sincretismo também podem ser encontrados na África. Lá, até hoje é comum encontrar pessoas que pertençam a mais de uma religião além do Vodu. Geralmente, esta segunda religião é o Catolicismo.
Os rituais e o boneco de Vodu
Os rituais do Vodu vão muito além daquele boneco com alfinetes de que falamos no início do texto. Inclusive, é interessante ressaltar que, embora faça parte de certas práticas, o boneco de Vodu definitivamente não tem um papel central nesta religião.
A primeira informação importante é que as práticas de Vodu são voltadas para aspectos de cura, harmonia com a natureza e canalização de energias positivas, ao contrário do que muitas pessoas pensam.

É também muito interessante notar que, embora a prática de se utilizar bonecas como instrumento mágico tenha dado fama ao boneco de Vodu, ela não é exclusiva desta religião. Em todo o mundo, diversas outras práticas mágicas se utilizam de símbolos e figuras para representar as pessoas que devem ser abençoadas. Além disso, sabemos que diversas civilizações tinham e ainda têm estátuas e bonecos para uso cerimonial e religioso.
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Como é utilizado o boneco de Vodu
É bastante importante lembrar que o que conhecemos como boneco de Vodu não é uma ferramenta usada para fazer o mal. Muito pelo contrário: quando usados em práticas e rituais do Vodu, estes bonecos geralmente servem para atrair alguma coisa benéfica, como cura, amor e prosperidade, como os outros rituais desta fé.
Para tal, são utilizados símbolos, como moedas, tinta, tecidos naturais e tecidos coloridos, todos eles com a função de atrair a energia desejada, como dinheiro, saúde, amor e prosperidade.
Em um contexto sagrado, que envolve rituais, música, ritmos, aromas e muita liturgia, uma figura humana é construída utilizando objetos como tecido, linha, ervas e até argila. Cada elemento utilizado visa atrair algum tipo de energia, e aquele que conduz o ritual determina quem o boneco representa.
Por fim, fitas amarradas, desenhos feitos ou mesmo agulhas espetadas servem como canalizadores de energia e intenção, visando ativar os poderes que foram invocados. Essa é uma forma poderosa de magia.
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Sou a Samira Rhein, redatora do Astrocentro. Sou apaixonada pelo universo místico e pela força transformadora das palavras. Há mais de 10 anos, venho explorando a comunicação de forma sensível e acolhedora, tornando a espiritualidade mais próxima e acessível para quem busca respostas. Gosto de escrever com profundidade, sempre com o desejo de iluminar caminhos e abrir portas para o autoconhecimento. Afinal, acredito que cada frase pode despertar a magia que existe dentro de cada um de nós.